Avatar II

Não podia deixar passar a oportunidade de mostrar a vocês esse vídeo. Um tal de Hungry Beast postou no Youtube uma versão de Avatar muito peculiar. Não sei quem fez, mas caprichou. Ele aproveitou o hype que Avatar gerou e fez esse vídeo que até agora teve 336900 exibições e foi postado em 4 de março. Dá mais de 16 mil visualizações por dia! Gerou um belo buzz, afinal fiquei sabendo do vídeo graças a minha namorada que mandou o link e ela provavelmente recebeu o link de alguém. Se esse Hungry Beast trabalha na área audiovisual com certeza promoveu muito bem seu trabalho.

O vídeo mostra Pandora 10 anos depois do final do primeiro filme. No começo parece tudo normal, mas quando o Darth Vader aparece em cena, aí se ve que é galinhagem. Eu reconheci pelo menos 10 referências à outros filmes. Muito bem editado e até os Navi são relativamente convincentes. Não sei se isso não foi alguma jogada de “marketing”(termo que se usa muito, mas não é correto, mas outra hora falamos disso) para autopromoçâo. Seja como for esse vídeo é a própria pós-modernidade em ação. Referências dentro de referências, uma colagem de ícones facilmente reconhecivéis. Ele usa uma linguagem de trailer para unir ao redor de uma idéia(a da parte dois de Avatar) vários outros momentos clássicos do cinema de entretenimento, assim criando um resultado facilmente identificável e ao mesmo tempo inovador. Isto é muito do conceito de pós-moderno. Ali nada se criou, mas se reciclou, se reaproveitou, mas de uma forma que o conteúdo de onde as referências foram tiradas entraram em outro contexto e formaram um novo elemento: a versão cômica de Avatar que podemos ver aqui embaixo.

Talvez esse meu post tenho ficado meio profundo de mais no fim, quando na verdade era para ser cômico. Isso que dá estudar semiótica pós-estruturalista francesa contemporânea(uia).  Mas o objetivo era demonstrar que este vídeo diz muito do que vivemos hoje. Heitor Carlos Panzenhagen Júnior explora bem isto neste artigo, onde em certo momento afirma que o moderno e o pós-moderno exploram o capital cultural de outrora. O pós-moderno se apropria de uma bagagem cultural que já está presente no imaginário e por isso é uma referência de fácil assimilação. É o caso de usar personagens de outros filmes para contar uma nova história.

Fredric Jameson cita que o uso da cor no cinema, em oposição ao antigo formato em preto e branco, é um sinal do fim do realismo e do moderno. Quem dirá então um filme como Avatar que foi quase todo feito em CGI(imagem gerada por computados na sigla em inglês)? E o autor norte-americano ainda diz que o ver(cinema, ou qualquer outra coisa) e ver em excesso é típico do ser contemporâneo e que no cinema “o espectador simplesmente explora e canibaliza a obra de arte criada exatamente para esse propósito com uma apropriação aleatória”. Não foi isso que vimos nesse vídeo? Um cara que viu filmes demais e usou tuda essa bagagem cultural para criar uma narrativa onde o simples fato de reconhecermos algumas partes, ajuda a criar uma nova história.